Há condições básicas para que se faça uma boa oração, quer por parte do conteúdo, quer com relação ao orante. No que tange o conteúdo se requer que se peçam coisas boas para si e para os outros. Solicitam-se graças sobrenaturais, na medida em que possam cooperar na própria santificação e salvação eterna, e também benefícios temporais. Cristo não colocou limites ao ordenar que sempre se rezasse, mas deixou esta diretriz: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33).
Bens necessários para a vida são, por exemplo a saúde, o dinheiro para o próprio sustento e da família, o êxito nos negócios, mas em tudo visando a glória de Deus. O Onisciente Senhor é quem sabe o que é melhor para cada um e nossos pedidos devem se submeter à sua sabedoria infinita. Daí uma total conformidade com Sua vontade santíssima. Não se deve solicitar ao Criador graças segundo os critérios mesquinhos dos gostos pessoais, dos caprichos próprios. Entretanto, quando o Onipotente julga não dever atender algum pedido específico, ainda que plausível, é certo que concederá, contudo, maiores dons do que os que foram relacionados numa visão meramente humana. Uma ótima prece é solicitar a Deus que, com Sua ciência e onipotência, tudo guie, governe e assista nas precisões da alma e do corpo, abençoando as ocupações diárias, os negócios, seja na prosperidade, seja na adversidade, na saúde e na doença, nas provações interiores e exteriores.
Da parte do orante cumpre atenção na oração, isto é, a aplicação da mente naquilo que se fala. À atenção se opõem as distrações, que devem ser pronta e energicamente rechaçadas. Distrações deliberadamente aceitas são uma falta de respeito a Deus. Este dá uma audiência ao fiel e cumpre se tratem com Ele de uma maneira digna os negócios importantes da própria perfeição espiritual e temporal. Nas orações vocais a atenção pode ser verbal, procurando pronunciar devagar as palavras, mas pode ser atenção espiritual ou mística, estando o pensamento elevado para o Ser Supremo. É colocar todo cuidado, todo esforço, toda a mente, todo o coração e forças interiores para fazer com a devida atenção as preces para que não se receba a reprimenda de Jesus: “Este povo somente me honra com os lábios; seu coração, porém, está longe de mim” (Mt 15,8). Uma vez detectada a distração é, calmamente, a repelir, pois Deus sabe que foi uma fraqueza própria do ser humano e não uma ofensa a Ele. Ajuda a atenção na oração a preparação remota e próxima, o recolhimento dos sentidos, da imaginação e demais potências. Deixar de lado as preocupações e negócios externos, mas se colocar com fé na presença de Deus.
A tudo isto se acrescente a humildade. O fiel é mendigo da bondade e misericórdia divinas e deve orar como o publicano e não como o fariseu da parábola que Jesus narrou “O fariseu, em pé, orava no seu interior desta forma: Graças te dou, ó Deus, que não sou como os demais homens: ladrões, injustos e adúlteros; nem como o publicano que está ali. O publicano, porém, mantendo-se à distância, não ousava sequer levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem piedade de mim, que sou pecador! “Digo-vos: este voltou para casa justificado, e não o outro. Pois todo o que se exaltar será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Lc 18, 11-14). A prece deve ser também com confiança: “Aproximemo-nos, pois, confiadamente do trono da graça, a fim de alcançar misericórdia e achar a graça de um auxílio oportuno” (Hb 4,16).
É preciso ainda sinceridade: “O Senhor se aproxima dos que o invocam, daqueles que o invocam com sinceridade” (Sl 144,18). Enfim, é necessária a perseverança recomendada por Jesus diversas vezes, como ao narrar a parábola do Juiz a quem tanto uma viúva insistia para que se lhe fizesse justiça que a acabou atendendo. São Lucas mostrou bem a intenção do Mestre divino: “parábola sobre o dever de eles orarem sempre sem desfalecer” (Lc 18,1 e ss). Quem assim ora, infalivelmente, se salvará.
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